Muitas
vezes tenho lido e ouvido palavras de espanto porque nós católicos
veneramos a Maria, Mãe de Jesus. Ainda há pouco tempo, no dia 16 de
janeiro deste ano, recebi novamente uma carta dizendo que os
católicos veneram a Maria como a Deus.
Certamente
o autor dessa carta não sabia que a Igreja Católica não venera a
nenhum santo como Deus, mas apenas como servos fiéis e amigos de
Deus, e a Maria, além disso, como Mãe de Deus. E não porque Ela
tenha dado a Jesus Cristo a Divindade, mas porque, embora Lhe tenha
dado de si apenas o corpo humano, Deus, ao se encarnar no Seu seio,
verdadeiramente habitou nEla, e dessa forma Ela realmente deu à luz
o Deus-Homem.
As
dificuldades quanto a devoção a Maria ocorrem geralmente entre os
protestantes, mas também entre eles já está surgindo uma saudade
cada vez maior da mãe da vida da alma.
Vejamos
rapidamente o que eles dizem em diversos países.
Na
Alemanha, por exemplo, o escritor protestante Jungnickel proclamava
em 1919: “A Igreja evangélica está morrendo de frio. Devemos
levá-la à Mãe, a Maria. Então ela se aquecerá toda”. Da
mesma forma escreve muitas vezes a revista protestante “Hochkirche”.
E o pároco protestante Lortzing, Getinga, publicou há alguns anos
um livrinho intitulado “Marienblumen auf fremder Erde”, isto é,
“Flores marianos em terra estranha”, onde apresenta mais de
trezentas diferentes vozes protestantes a favor do culto de Maria.
Em
novembro do ano passado, em Colônia, apareceu o “Apelo a todos os
cristãos evangélicos”, que exige abertamente a volta do culto de
Maria na igreja protestante. O autor lembra que as pessoas
reverenciam as mães de grandes homens como Goethe, Grakchów, S.
Mônica – mãe de S. Agostinho, S. Helena – mãe de Constantino.
E menciona ainda outras mulheres. No final lamenta: “Uma
apenas é excluída, uma apenas permanece no esquecimento, no
menosprezo, e esta é a Virgem Maria, Mãe de nosso Senhor e
Salvador”. O “Apelo”
lembra a seguir que o próprio Lutero cantou a glória de Maria em
muitos cânticos, e que no século XVII Brynjolfur, ainda compunha
cânticos a Maria em latim.
Na
Inglaterra, na entrada da igreja de Walsingham, existe uma inscrição
que aí foi colocada pelo bispo protestante Bertram por ocasião da
reforma da igreja: “Este santuário, construído em 1061
por exigência da Santa Virgem, Mãe de Deus, em honra do mistério
da Encarnação – no reinado do rei Eduardo, conffessor e senhor
deste lugar, que depois ainda reinou por dezenove anos – a seguir
inteiramente destruído por um rei dominado pela mais repugnante
paixão (que Deus tenha misericórdia de sua alma), foi atualmente
restaurado pela primeira vez no ano de 1931”.
Na
Holanda o protestante Cor Meerensy publicou um folheto de propaganda
intitulado “Apelo a Maria”, onde entre outras coisas escreve:
“Não temos mais cânticos a Maria, nem santuários de Maria,
nem imagens de Maria. Maria é entre nós um desmaiado e frágil
fantasma que aparece apenas uma vez por ano. Nós, protestantes,
estamos ainda demasiadamente concentrados no Antigo Testamento. No
entanto ninguém pode aproximar-se de Cristo se não O receber das
mãos de Maria”.
Que
grande saudade da Mãe!
E
é uma saudade justa. Porquanto, se em todos os lugares onde surge e
se forma a vida, ela conta com o desvelo do coração amoro de uma
mãe, por que a vida da fé, a vida sobrenatural, a vida da graça, a
vida divina, não deveria sentir em nós o calor de um coração
materno? Por que não teríamos que receber essa vida de Deus através
de uma Mãe espiritual?
[Rycerz
Niepokalanej, XIV-1935,194-195
Fonte:
Revista Cavaleiro da Imaculada – ano 35 – nº395 – maio de 2013
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